por Luana Morkay
José Celso Martinez Correia ou simplesmente Zé Celso (Araraquara - SP 30/03/1937) é um importante dramaturgo, ator, diretor teatral e cineasta brasileiro. Um dos personagens mais polêmicos do teatro. Formado em Direito e filho de um diretor de colégio, fundou o grupo de Teatro Oficina em 1958, uma das companhias mais conectadas com o seu tempo. Uma figura irreverente, interessado em eventos culturais, artísticos e políticos, Zé Celso atualmente (aos 72 anos) se intercala entre o cinema e o teatro: trabalhou em Encarnação do Demônio (2007), de José Mojica Marins (lançado em 2008), dirige e atua em inúmeras peças teatrais, ainda comandando o Teatro Oficina, mesmo depois de cinquenta anos − como em Santidade (2007). Por experimentar formas ousadas de se realizar uma peça teatral, Zé Celso já se viu entre críticas sensacionalistas. Num caso mais recente, sua peça Os Sertões, quando montada em 2005 em Berlim, Alemanha, causou polêmica na capital pelo fato dos atores ficarem nus em determinadas cenas. A imprensa sensacionalista alemã apelidou a montagem de “teatro pornô”.
Algumas montagens importantes
Teatro oficina
O Teatro Oficina surgiu em 1958. Na Faculdade de Direito do Largo São Francisco o grupo passou por diversas fases. A profissionalização a partir de 1961, os Anos Dourados até o fim da década de 60 quando foram encenadas obras que revolucionaram a moderna dramaturgia brasileira como “Pequenos Burgueses” de Gorki e “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade, o exílio durante os anos de chumbo da ditadura militar, entre 1974 e 1979 trabalhando em Portugal, Moçambique, França e Inglaterra produzindo obras cinematográficas como o “25” que narra a libertação de país africano e “O Parto” sobre a Revolução dos Cravos.
Em 1993, inaugurando nova fase, obras clássicas da dramaturgia mundial como “Hamlet” de Shakespeare e “Bacantes” de Eurípides foram realizadas à moda de Óperas de Carnaval Eletrocandombláicas, modernos musicais brasileiros com elenco coral numerosos e banda ao vivo conquistando um público jovem em São Paulo e pelo Brasil.
No início do século XXI o Oficina deu nova virada com o trabalho de transversão de “Os Sertões”, a obra vingadora de Euclides da Cunha, para o teatro e kinema. Em um processo que durou 7 anos, de 2000 a 2007, o Oficina abriu-se ainda mais para o social e as questões de educação, urbanismo, e comunicação, questões da cultura tratada como infraestrutura, passaram a ser trabalhadas com vigor e profundidade pelos atuadores do grupo em uma verdadeira campanha de “desmassacre”. Nasceu nessa época, em 2002, o Movimento Bexigão, trabalhos artísticos realizados com as crianças e jovens em situação de risco social no bairro do Bexiga, onde situa-se o Oficina. A cultura desses herdeiros dos sertanejos de Canudos misturou-se à cultura cosmopolita e o grupo e público tornaram-se heterogêneos em suas classes sociais e etnias.
Os Sertões, cinco peças que somam 27 horas de teatro, iniciaram-se com a estreia da primeira parte “A Terra” em 2 de dezembro de 2002, no aniversário de cem anos do livro e encerraram-se em 2 de dezembro de 2007, último dia de apresentação dos cinco espetáculos no sertão de Canudos, palco original do massacre narrado por Euclides da Cunha. A trajetória dessa obra incluiu apresentações pelo Brasil e na Alemanha, abrindo a temporada de outono do Volksbuhne em Berlim, no ano de 2005.
Em 2008 o Oficina chegou a seu jubileu de ouro, completou 50 anos celebrados com vitalidade que gerou quatro novas montagens, “Os Bandidos” de Schiller, “Cypriano e Chan-ta-lan” de Luis Martinez Correa e Analu Prestes, “Taniko” de Zen Chiku, um nô japonês transcriado pela bossanova tranzênica, e “Vento Forte para um Papagaio Subir”, primeira peça escrita por José Celso, diretor da Companhia. Em 2009 essas peças ficaram em cartaz e duas novas montagens foram criadas: “Em junho houve a estreia de “O Banquete” de Platão, cujos primeiros ensaios realizaram-se em Zagreb, na Croácia em oficinas com artistas locais, e Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda!!”, segunda parte da tetralogia que narra a viva vida da grande atriz brasileira Cacilda Becker, estreado em setembro.
Neste ano de 2010 o Oficina realiza as Dionisíacas 2010, patrocinadas pelo Ministério da Cultura através de convênio de co-produção com a Companhia. O projeto tem duração total de 10 meses, de março de 2010 a janeiro de 2011 e apresenta quatro espetáculos do repertório em oito capitais brasileiras além de realizar oficinas das artes teatrais com artistas e aprendizes.
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